Duas tentativas falhas ao conectar-se com o site do banco para pagar uma simples conta já o fazem morder os lábios e fechar o punho com forças além do comum. A mão cerrada, ainda tremendo, relaxa a poucos centímetros da mesa.
Os quinze minutos de espera por aquela ligação que decidiria o rumo do trabalho nos próximos dias já demora quase meia-hora. Os dentes superiores brigam com os inferiores, esfregando-se, corroendo-se. As feridas na bochecha já não reclamam da dor.
Um fim de dia comum, para uma pessoa comum que apenas quer ir logo para casa. Ao levantar-se, lembrou do e-mail que prometeu enviar durante todo o dia. Memória de merda, coração de merda, dor aguda de merda, chão de merda. Tarde demais para xingar, morte besta.